Negro calçado!

"Parece que não se cansam de inferiorizar, quem? O 'nêgo, o preto, o mulato, o afro', como queiram denominar. Custa entender que, demorou mas ele é, hoje, igual aos seus semelhantes?

"Ah, depois de tanta evolução, conquista social e legal ainda tentam inferiorizá-lo. Não tem nem graça tamanha perseguição, e, de verdade, mesmo que de brincadeira não faz sentido vê-lo tamanhas vezes desprestigiado.

Afinal, ele, o 'Preto atual', o cidadão negro, alforriado possui a liberdade ampla para ser o que quiser, para escolher, isto é, autonomia, voz e vez, entendeu? Não dá para aceitar nenhum tipo de retomada às submissões ou subtrações perpassadas no pretérito que, ainda, persistem em ficar na sua pele como um estigma inalterável e fincado em sua alma de negro, maculando a sua imagem, identidade negra por completo até agora.

Diante de toda a liberdade adquirida, ainda é preciso ser, de fato, livre plenamente para ser o que se deseja. Porquanto o 'neguim' de ontem era desmerecido, escravizado e usado como moeda de troca. Hoje, não mais coisificado, está calçado, tendo protegido os seus pés e, ao mesmo tempo, a sua condição de vida, a qual está amparada pelas leis que legitimam e garantem a sua valorização enquanto 'preto' que é nos ambientes sociais e exigem respeito a esse novo estado de vida, de prestígio social conquistado.

Há quem diga ser muita ousadia ou benefício esta conquista, mas, parando para analisar as agruras sofridas anos a fio pelas populações afro, percebe-se que não passa de, concessão de direito, apenas, admiração concedida para os que foram desigualados durante séculos e usados como animais. Trata-se do resgate da dignidade da pessoa humana, direito intrínseco de todo e qualquer homem, e que obriga a todos, inclusive o Estado, a conferir políticas de equiparação que deem o mesmo tratamento a todas as pessoas."