Gato de Cheshire (Parte 1)

A primeira pergunta é saber se você aguenta. Você aguenta? Você suporta? Por quanto tempo? Meus ossos estão aparecendo e eu sorrio com isso. Você aguenta, Cheshire?

A segunda pergunta é saber se você quer aguentar. Você quer? Eu me sinto tonta. Eu estou fazendo algo errado. Você não vai impedir o corte. E eu vou cortar você fora. Você quer, Cheshire?

A terceira pergunta é saber se você ainda... gosta de mim? Porque você sabe que as crises voltam, os remédios não estão fazendo o efeito que deveriam, os médicos não sabem direito o que eu tenho... mas, mesmo assim, você ainda vai gostar de mim?

A quarta pergunta, não é uma pergunta, é uma afirmação... Eu vou lhe dar dor de cabeça. E você não quer isso. Você não quer nada sério comigo, nem nada complicado.

Você não me quer. Porque eu sou complicada.

E agora eu estou com raiva... Porque eu sei que eu compliquei antes da hora.

Eu fiquei com medo, Cheshire. E eu ainda sinto o medo.

Porque eu sei que você não vai me apresentar pra sua família, nem pros seus amigos, eu não vou curar suas feridas quando você precisar, eu não vou resolver seus problemas, eu não vou acalmar sua mente ou afastar seus medos... Eu vou tornar tudo mais escuro, eu vou fazer tudo errado, eu vou te decepcionar e te magoar.

Eu não vou ser uma boa Alice, e você não vai ter seu País das Maravilhas.