Mãos à obra!

GIANNINA: “Faceiro! Estúpido! Maldito!”

ESTELITA: “Menina, que gritaria é essa?!”

GIANNINA: “Você não viu? O sorriso se perdeu em algum canto do rosto.”

ESTELITA: “Nossa... Não é que ele se foi mesmo...”

GIANNINA: “Na real, eu sinto que ele tá por aqui...”

ESTELITA: “Fantasiado? Embriagado? Dormente?”

GIANNINA: “Ah, tanto faz Estel! Por acaso, você tem um microscópio potente pra enxergá-lo no breu?”

ESTELITA: “Eu? É lógico que não.”

GIANNINA: “Então, me diz como salvá-lo da perdição?”

ESTELITA: “Não faço ideia, Nina. Mas sei que a mão segura as lágrimas, que também afagam o corpo.”

GIANNINA: “Um corpo que tem a alma dilacerada pelo ódio, digo, pódio. Grande coisa então né?”

ESTELITA: “Pra que tanta cismeira, mulher? Até parece que não viu a mão correndo aí atrás dos retratos.”

GIANNINA: “Nem me lembre disso. Ela foi é burra, isso sim! Eu acho é que ela fingiu não ter visto os retratos sendo engolidos pelo concreto ou morrendo com o reflexo da mesa de centro.”

ESTELITA: “Ai, mas a gente se distrai com tanta coisa nessa vida... E ela ainda tem o pen drive e as redes sociais!”

GIANNINA: “Ora, meras embalagens modernas de maior periculosidade, quero dizer, perecividade.”

ESTELITA: “Nesse caso, o que fazer então?”

GIANNINA: “Agora, o eu-detetive deve ser criativamente sagaz.”

ESTELITA: “Nina, eu não tô te entendendo.”

GIANNINA: “Ao velho desafio, a pista assume outros termos: achar o palheiro na agulha...”

ESTELITA: “Não seria achar a agulha... Ah, agora entendi! Pincel, guache e papel servem?”

GIANNINA: “Sim.”

ESTELITA: “Eba! Armas liberadas!!!”

GIANNINA: “Bem, mate a tristeza o mais rápido que puder...”

ESTELITA: “Ok! Mãos à o...”

GIANNINA: “... ou, então, use todo esse arsenal bélico para resgatar o sorriso diário.”