Das coisas da existência

Você me atravessa com palavras, despeja aos quilos, sentimentos, emoções, dores, frustrações, expectativas, vivências. Tenta de alguma maneira se situar neste caos existencial, suas palavras me correm como cavalos em uma pista de corrida, muitas vezes me calam como o peso de um tapa. Percebo rapidamente que como Maquiavel fala da espera de um príncipe, você quer que eu descubra, desbrave teu país, te faça livre dentro de si mesma, porém, com a mesma rapidez que constato isso, como o suor do gelo que escorre dentro do copo e logo evapora, percebo que estamos condenados a ser! E isso é por demais avassalador, essa liberdade nos deixa como ratos em um labirinto, e como sei qual é a melhor maneira de ser? Quando sei que sou algo? Você toca meu corpo na intenção de sentir a si, e teus olhos fundos me põe diante de um dilema, crio versos, balbucio delírios, descrevo mentalmente devaneios tão solitários quanto as poesias de Quintana ou do velho Buck após litros de cerveja, percebo que liberdade é solidão e me questiono o que é ser-com, será que há essa possibilidade nos dias de hoje? Onde até quando buscamos o outro é para enxergamos unicamente os nosso buracos sentimentais e poder tapa-los rapidamente com alguma sensação, com alguma coisa. O mal do nosso século talvez seja a coisificação. Meu corpo soa, ele está existindo de alguma maneira, em cada resfolegar mesmo que incerto há um grito mesmo que tímido de uma existência, de uma singularidade que já manchada e atravessada por tantas outras experiências muitas vezes me confundem e volto a mesma questão, Quando sei que sou? ....

Acho que não sei, e nunca saberei, essa é a verdade, a eterna busca daqueles que pensam, passamos a vida pensando, nos libertando de nós, para existirmos no outro, e como uma gota colorida que pinga num tabuleiro preto e branco, me faz reorganizar toda essa matrix a qual não estamos preparados para romper.

Você diz mais meia dúzia de palavras, nunca sei me despedir então apenas deixo o olhar cair lentamente me viro fecho o portão e vou, o silêncio se encarrega de preencher os espaços que ficarem....

Kemii Athon
Enviado por Kemii Athon em 20/01/2019
Código do texto: T6555642
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