Guerra

É difícil compreender as pessoas. Cada uma tem algo específico em sua consciência que é no mínimo curioso. No decorrer de nossa história as pessoas agiram de diferentes formas, sendo que algumas se destacaram e outras não. Em ambas, a consciência ou agia como a protagonista que te favorece ou como a antagonista que te destrói. Não sabemos o porquê de isso ocorrer, só sabemos que é recorrente.

Gosto de acreditar que nascemos com dois personagens em nossa alma: um samurai extremamente raivoso que deve ser temido, e um calmo monge budista que deve ser cultivado. Cada um já vem de fábrica com uma determinada força, sendo que o mais forte, se houver, predominará no início. Não é reponsabilidade da pessoa determinar se a força maior continuará do lado de origem ou se mudará, mas sim dos fatos que acontecerão com ela durante a sua infância e juventude. Nessa época, ainda não há muito controle sobre essas duas partes da alma que lutam incessantemente.

Após isso, vamos adquirindo gradualmente um pouco do controle, principalmente por meio dos conhecimentos que são aprimorados. Identificamos qual parte de nós está mais forte, mas não buscamos saber a essência com a qual nascemos, e tentamos nos modificar se for o caso. Infelizmente, sempre é o caso de tentar se modificar, afinal eles nunca entram em um consenso e talvez nem possam. O samurai e o monge vão lutar para sempre até que algum dos dois perca. A regra deles é que os dois entram, mas somente um deles pode sair.

É claro que o samurai deve ser temido, porém ele nem sempre é o inimigo. Dependendo do ambiente onde a pessoa cresce ou para o qual vai quando adulto, é preferível ter algo maligno do que alguma coisa bondosa. Pelo menos assim é garantida a sua sobrevivência. Porém, quando se vive em uma sociedade dita pacífica, esse samurai deve ser temido pela própria pessoa que o tem dentro de si.

O grande problema é que nem sempre há como reverter à força. Às vezes cultivamos o nosso lado obscuro durante a nossa juventude sem percebermos e, quando vemos o que fizemos, a luta já está chegando a ser desleal dada a distribuição de forças. Você teme os seus pensamentos e até mesmo os seus atos, lutando diariamente contra eles. Tenta de todos os modos fortalecer o seu monge, mas lhe falta conhecimentos, forças e esperanças. Você quer agir, porém não sabe como e nem mesmo quais atitudes tomar. O desespero desaba sobre a sua mente e o medo toma conta da sua alma.

Dois entram e somente um sai. Independente de quem está vencendo agora, a luta só acaba quando um deles tomar toda a força para si. E não se engane, toda luta tem um vencedor, então como está o seu lutador preferido? Quanta força ele ainda tem para reagir ou finalizar? Quem, afinal, está vencendo?