Ser o último de mim

Semana passada ouvi uma frase dita pelo falecido Marcelo Yuka, ex-baterista do Rappa e um ativista dos direitos humanos. Numa entrevista ele disse: "Sou o último de mim pois não tive filhos". Ao ter dito essa frase e exposto esse problema foi como se uma bomba caísse na minha cabeça.

Sempre uso meu espaço para lamentar minhas dores de amor, mais atualmente um não correspondido. Mas também já disse sobre esse sonho que tenho e, ao ver a matéria falando sobre isso, é como se um espelho surgisse a minha frente e mostrasse o meu reflexo.

Sim mas esse espelho não refletia somente a minha imagem mas o vazio em minha volta. A cada ano que passa, sinto muito o pesar de não ter uma família minha. Tenho meus pais (ainda) e meu irmão, que não deixam de ser a minha família mas não são a família que formei mas a que nasci nela e não ter esse sonho realizado é frustrante.

Eu imagino o que talvez tenha sido 1/3 do que se passava com ele. Afinal de contas eu não sou famoso como ele, não tive os movimentos das minhas pernas privados por uma fatalidade, meu talento é muito diferente do dele mas, no fim da matéria, falaram que ele ainda alimentava esse sonho, mesmo que por adoção.

Já pensei em adotar mas ainda não consegui organizar minha vida para isso. Sei que ser pai é muito além do prover uma criança mas meu desejo maior era de ter filhos com uma mulher que fosse a minha esposa. Esperava que, ao encontrar uma mulher que fizesse meu coração se alegrar atualmente, seria o fim dessa jornada mas percebo que ela está se distanciando de mim nesse aspecto e que jamais passarei apenas de um amigo.

Não sei o que a vida me reserva mais a frente. Não sei se serei o pai como espero ou também direi que sou o último de mim mas só posso pedir a Deus para sarar essa ferida que dói desde o dia em que rompi o meu noivado e que, a cada ano que passa, só faz doer e trazer tristeza a minha vida.

Até uma próxima.

Fi Braga
Enviado por Fi Braga em 23/01/2019
Código do texto: T6557204
Classificação de conteúdo: seguro