Lição de um dia no ônibus

E num dia qualquer, na mesma rotina diária de ir e vir, ser e estar, pensar e pensar...

Seguindo a viagem no ônibus - monótona do dia a dia -, vejo diferentes pessoas e fico a analisa-las como uma distração. Não que seja possível descreve-las apenas por um olhar, pois todos temos dias difíceis e contraditórios, onde tudo da errado. Todavia, em minha vaga mente, sinto que preciso desvendá-las, como um quebra-cabeça. A primeira pessoa que vejo, passa a roleta com um olhar inseguro, na qual está prestes a tomar uma decisão e não sabe ao certo qual é a melhor para si - ou para os outros. A segunda entra com o filho no colo, com expressão de exausta porém fazendo graça para arranca-lo um simples sorriso. A terceira foi um garotinho. Ah, esse garotinho...

Por dias fiquei a pensar naquele olhar, doce olhar. Acompanhado de sua mãe com deficiência visual, ele era o cuidador e protetor moral. Segurou-a pela mão e a levou até o banco, carregando suas bolsas de compras. Era transparente sua preocupação e afeto, carinho e afago, apenas com um doce gesto; Com tão pouca idade, já com uma responsabilidade tão grande. Imagino o tempo de brincar que ele tem que abdicar para cuidar do seu lar. Naquele dia, soube o poder da empatia. Não é somente pensar nos outros; é colocar-se no lugar delas. Está diretamente ligada ao amor, aquele que faz você não pensar por si só, mas dedicar-se a refletir no que leva-o a amar.

Anamari
Enviado por Anamari em 27/01/2019
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