Registro

Lhe vejo no carro, enquanto sigo pela calçada em sentido oposto ao que tu segue, e neste meio tempo que dou seguimento ao meu caminho, assim que lhe avisto, tudo passa a se mover em câmera lenta me dando a oportunidade de poder observar todos teus detalhes, e meu olhar se fixa na janela do carro com os vidros abaixados, dando mais clareza para poder admirar-te. E após esse instante, volto a seguir meu caminho.

E como esperado, a sensação do tempo passar é clara. Porém, em um relativo curto espaço de tempo, tu entras em contato e de forma inesperada e intuitiva, e então nós nos encontramos. E quando nos damos por conta...

Estamos em sua casa, na sala para ser mais específica, tu me tomas pela mão e me convida a adentrar em teu quarto, recinto mais charmoso e de energia única que transpassa tua personalidade mais intima. Ao entrar há uma cama à direita, uma cômoda à frente, e algumas cobertas e almofadas postas no chão de forma harmoniosa ao ambiente, o qual é composto por cores de tons quentes.

Assim que adentro em teu recinto de segurança mais íntimo, tu entras e por alguns instantes fica de costa para porta, por alguns segundo ali permanece enquanto sua mão ainda se mantêm na maçaneta, neste meio tempo me sento em sua cama, e lhe observo como jamais observei tanta serenidade.

Tu levemente apaga as luzes e senta no montante de cobertas e almofadas que se encontram no centro do quarto, e assim começamos a nós encarar levemente, eu não consigo me controlar e então sigo a juntar-me contigo e neste ato... nos encaramos e sutilmente aproximamo-nos e calmamente a sensação de uma conexão inexplicável toma conta, e então travo ficando um situação desconfortável.

Mas tu não deixas a situação se agravar, me pergunta se pode reacender as luzes, eu de imediato digo que ficaria receosa, imaginando que ligarias as luzes que antes estiveras ligada, tu insistes e liga, porém não são as que pensei, liga as luzes de tom alaranjado que se localizam atrás da decoração que ficam sobre a cômoda, dando um ar muito mais aconchegante ao local.

Dada a situação, e o fato que transpareço insegurança, tu se senta no chão e cruza as pernas, e eu me deito ao teu lado apenas apoiando o braço no chão para ficar em um ângulo mais harmonioso para lhe olhar nos olhos, e então começas a conversar comigo falando sobre fatos de sua infância, família, e alguns pontos de seu ser mais íntimo.

Aos poucos me acalmo, e cada vez mais lhe admiro e em um dos pontos da conversa teus olhos radiantes me conquistam ainda mais, coisa que achei não ser possível, e então levemente sigo com a mão direita em direção a teu rosto, ajeito teus cabelos – de tom castanho escuro, quase preto – e os coloco de forma com que fique atrás de suas lindas orelhas e o seguimento do movimento segue até seu queixo. Neste instante, o teu sorriso radiante me dá coragem a qual sem explicação me consome, eu me levanto de forma leve, contudo rápida, e sigo em rumo a ti.

Uma de minhas mão segue a tua cintura e a outra em teu pescoço, nossos lábios se tocam e eu sinto algo que jamais havia sentido antes e essa sensação me consome por inteira, e então antes que déssemos conta nossos corpos estão entrelaçados e cada vez mais por “mais errado” que possa parecer, sentimos que estamos no momento mais certo que poderíamos estar.

E no exato momento que tudo parece estar certo, mesmo que para outros não esteja, em cada olhar e toque que gravo de ti, do teu olhar, boca, cabelos... tudo! Me desperto, e sinto um certo “vazio”, e sinto que ainda não me recuperei do fato de te perder sendo que sequer lhe tive um dia, e que ainda nem lhe conheço. Mas tenho certeza que se algum dia lhe ver em meio a multidão me lembrarei deste texto, e a sensação de êxtase me tomara por completo.