Confissões de uma morta viva: estamos vivendo?

Durante minha fase adulta, há muitos anos atrás, pois hoje estou em minha fase moribunda, tive momentos de minha vida que apenas sobrevivia, cada dia. Os dias passavam sem que eu percebesse, sem que guardasse algum momento bom, trabalhava, estudava. Nos finais de semana apenas dormia e organizava a casa. Era tudo tão automático e sem muito contato com mais ninguém, que não parecia mais um ser humano, não me reconhecia quando olhava meu reflexo no espelho. Os sonhos? já nem sabia mais o que era sonhar. Até que ganhei uma arvorezinha, lindíssima, me trouxe tanta esperança, esperança que não sabia mais que havia guardada em mim.

A árvore me trouxe vida, e me trouxe vontade de cuidar de mais plantas, de plantar flores. Ver uma plantinha crescer, é uma satisfação enorme. Minha árvore se tornou linda e tem mais de trinta anos, e meus girassóis, tive de tirar do vaso, anos atrás e tenho um campo lindo cheio deles, que há muito não visito.

Não existe uma receita para quando nos dizem para aproveitar a vida e ao mesmo tempo temos que cuidar do futuro sem saber se ele chegará ou não. Mas o segredo, é saber dosar, sem ficar obcecado com o que está por vir, ao ponto de esquecer o presente. Fazer coisas que gostamos muito e nos da alegria e estar com pessoas que amamos, são maneiras ótimas de aproveitar a vida. E então quando já se está em uma cama de hospital como esta, que estou, restam lindas lembranças, fotos que revejo com carinho, netos queridos.

Mas nem todos tem a sorte de chegar a velhice, então sabem o que fazer, cuidem da saúde mental, como se cuida de uma plantinha, com regas diárias de pensamentos alegres e amor.

Luiza Bruun
Enviado por Luiza Bruun em 18/02/2019
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