Trilhas
Começou bem cedo. Aquela estrada sinuosa traçada entre as árvores centenárias, destinadas a produzirem sombra entre jatos de sol fazendo desenhos como tabuleiros de xadrez. O Rei posto em seu pequeno reino entre outras peças. Como um tapete preto fixado sobre a terra feito camada de folhas em caderno que recebe histórias. Ele escrevia a sua toda vez que acelerava. Quadros e mais quadros surgiam ali naquele cenário criando palavras que já existiam, mas não em sua composição de estrofes. Ainda não. E ele ia ora abrindo os braços em sinal de abraços com o mundo, respeitando sua superioridade absurda sobre o todo e sobre o nada. Sua couraça quase que suprema lhe fazia valer como um animal racional aproveitando tudo o que lhe era oferecido. Aquela liberdade.. ah! Liberdade de receber todo o vento no rosto como pacotes alegres no dia de Natal. O som das rodas no asfalto feito melodia de músicas atemporais. Pensou que alguém em tempos idos tenha sentido isso, mesmo que numa biga ou em um belo corcel. Talvez ele mesmo, mesmo que não se lembrasse! Liberdade, mesmo que se leve as prisões invisíveis junto, trazem a chave na porta.. é só abrir.. e ele vai... que venha chuvas e frio... a estrada segue para o mesmo lugar. E ele vai.. o sorriso tá lá. Ele sente e o acelera. Tudo precisa estar em sincronia. Afinal o que pode segurar alguém assim? Nada! Nem as cicatrizes. Então, felicidade é o momento vivido. E ele corre para o momento seguinte, a felicidade estará ali também. Tudo são escolhas e ele sabe escolher. Aprendeu que não é não e sim é sim...
U2: You are the best thing about me!