Pais e filhos

Quando nascemos todos acham que temos a necessidade de sermos preenchidos, então nos enchem com várias coisas que pensam ser essenciais. Embora sejamos como um saquinho, tem coisas que são inerentes a esses preenchimentos alheios. Como a dádiva da inocência.

Quando uma criança ainda possui essa dádiva, todo o cuidado é pouco, para que essa inocência não a machuque e ao mesmo tempo para que não a perca tão cedo. Muitos pais enchem o saquinho com muito amor, outros pensam que preencher o saquinho com seus próprios valores é o correto, muitos julgam necessário preencher com tudo que a criança pede oralmente. Mas como alimentar a alma recém nascida, afinal? A criança precisa também de coisas que ela não expressa oralmente, expressões comportamentais por exemplo, por isso deve se ficar atento a diferença do que a criança pede e o que ela necessita.

Muitos pais sentem culpa por deixar seus filhos muito tempo na escola, pensam que dando tudo o que elas pedem, estão sendo bons pais, assim seus filhos sempre vão os amar. Bom, isso é apenas egoísmo de um pai carente precisando ser amado, pois o trabalho ocupa seu tempo. Porém a criança precisa de muito mais do que as coisas aparentes que ela pede, precisa também de limites, de escuta. Uma criança que cresce sem limite, cresce um adolescente difícil de lidar que pensa que pode ter tudo o que quer, um adolescente, que mais tarde se torna um filho irreconhecível, reflexo da indiferença dos pais. Porque, sim, não dar limite também é indiferença.

Por vezes pais tem seus filhos, pensando que serão suas cópias e projetam neles todos seus desejos não realizados, isso também é uma forma de indiferença. Muitos pais pecam neste quesito, quando a criança cresce e não atende suas expectativas , pais acabam fingindo não ver muita coisa, não se dão ao trabalho de saber verdadeiramente o que está acontecendo na vida do filho, o elo já é frágil. Essa indiferença, principalmente na fase de transição de criança para adolescente, deixa lacunas em qualquer ser humano, que acabam sendo preenchidas, muitas vezes, com a mesma indiferença, acompanhada de raiva e insegurança.

Uma criança que se torna adolescente, não vai mais ser tão dependente e isso machuca o ego dos pais, porém, nesse período ele necessita de muita orientação e amor. Necessita saber que os pais estão ali, não importa o que aconteça. A diferença de necessidades muda nessa transição, mas não significa que seu filho não precisa mais ser olhado com atenção e cuidado, nesse período é importante estabelecer uma relação de confiança, se você confia em seu filho para deixar que assuma certas responsabilidades, ele confiará em você para contar o que for.

Sendo um pouco drástica e dramática, mas também realista. A indiferença cria monstros, que não passam de criancinhas assustadas e extremamente machucadas que agora devem se responsabilizar pelos seus atos.

Luiza Bruun
Enviado por Luiza Bruun em 17/03/2019
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