Identidade

Ultimamente tenho pensado muito sobre alguns assuntos, principalmente, sobre como a nossa geração tem sido contraditória.

Muito se fala em liberdade, identidade, particularidade e amor mas, nunca existiu pessoas tão presas, perdidas sobre quem são, individualistas e apáticas.

Nas redes sociais, uma vida perfeita e inexistente, tem sido pregada e as pessoas tem idealizado esse tipo de vida. São corpos, rostos, cabelos perfeitos; casas perfeitas, maquiagens perfeitas, trabalhos e profissões perfeitas e quando voltamos para nossa realidade, não existe nada perfeito, apenas um ideal fake que a todo momento nos ilude e nos frustra por não sermos iguais a ele.

Temos acesso a informação vinte e quatro horas por dia mas nunca fomos tão vazios de sabedoria. Não se senta mais pra conversar e receber conselhos de quem já viveu mais do que nós; não existe mais refeições em família porque os celulares conquistaram o espaço dos nossos familiares.

Os relacionamentos se tornaram descartáveis porque não se existe mais confiança e nem respeito. As pessoas estão se casando por medo da solidão, ou simplesmente para manter uma pose perante a sociedade. E o que deveria ser eterno, já se inicia com prazo de validade.

Mais do que nunca, a cor da pele tem determinado quem vive e quem morre.

Notícias catastróficas não nos machucam mais e aos poucos, nosso coração tem sido substituído por uma Memória RAM.

E o que falar da nossa identidade? Bom, essa nem existe mais. Somos imitadores de outros imitadores por aí. Todo mundo quer parecer com alguém mas quase ninguém conhece a si mesmo. Estamos cheios de outros e vazios de nós.

Remédios depressivos nunca foram tão cogitados e escritórios de psicologia nunca ficaram tão lotados.

Somos bolhas de sabão, em um mundo repleto de pontas de dedos.

Somos a geração que chora, que se mata diariamente entre quatro paredes mas que ostenta um sorriso amarelo nas redes sociais.

Nunca ouve uma geração mais desesperada por Deus mas orgulhosa demais para assumir tal coisa. Os campos nunca estiveram tão brancos como nesses últimos tempos..

Graziele Gonçalves
Enviado por Graziele Gonçalves em 24/03/2019
Reeditado em 24/03/2019
Código do texto: T6606552
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