Há você... Logo você

Eu não tinha certeza até ver o jeito que eu fico quando você vai embora. Até perceber que depois do "dorme bem" vinha a vontade de dizer algo mais. Eu tentei sufocar tudo isso em favor da nossa amizade, mas não via como isso poderia ser um favor pra mim mesma. Eu ouvia você falar de outras pessoas, que saía com elas, que fazia isso ou aquilo com elas. E me enciumava. E ficava puta ao mesmo tempo porque não me sentia no direito de sentir ciúmes. Não desse jeito. Logo eu, que sempre achei o ciúme uma bela de uma bosta, me vi cortejando o sentimento e dizendo a ele "se você está aqui é porque algo diferente está acontecendo, não é?". E estava. E aí veio a certeza. Como aquela onda que te pega tentando fugir da arrebentação e te arrasta pro fundo e revolve tua cabeça inteira porque o corpo já virou um pacotinho indefeso vagando até a praia. Sacudida eu fui. E agora eu tô aqui com esse peso nas costas de te amar e não saber como falar e o medo de você virar pra mim e dizer que é só uma paixonite, que vai passar e não levar fé só porque usamos a palavra "amigos" pra descrever o que temos. Na minha humilde opinião, podemos ser muito mais que isso. Ouvi uma vez que os amantes também precisam ser amigos e que toda relação tem um fundo de amizade que pode ser desenvolvido. Se já somos tanto, se já nos damos tão bem, se queremos muito ver o outro feliz, que mal tem de tentarmos fazer isso juntos? Se der errado, paciência. Deu. A gente arruma outros amigos, conhece outras pessoas e a vida segue. Mas, se der certo, ganhamos cada um o Amor e passamos a ser ainda mais amigos. Acho que é ganhar ou ganhar. Perder, pra mim, é ter que ficar ao teu lado te querendo tanto e não poder dizer, te vendo ser feliz com alguém que não sou eu. Eu tentei segurar, mas não deu.