Estar vivo é já estar morto.

Já encarei o ponteiro do relógio umas vinte vezes depois da última vez em que prometi parar de contar, já virei umas tantas garrafas de vinho e não vi resultado algum para o que procuro, mas afinal, o que eu tanto procuro? Talvez a resposta para essa pergunta não seja o que realmente importe, talvez nada importe. Me estranho, pois nada parece correto e o incorreto não se distingue, é angustiante não encontrar sentido antes mesmo de perde-lo. Eu estou acordada e tudo dói, mas se dói é porque existe vida em mim, estou viva e não sei como viver. Então me conta, como faz para estar viva e saber viver, como faz para não morrer estando viva, como faz para encontrar o controlo tentando não perde-lo, como estancar um sangue que escorre por toda parte, me diz, pois não sei ao certo, mas acho que o mau de quem vive é acreditar que estar vivo é a ponte entre a morte, quando na verdade estar vivo é já estar morto, pois tudo é um elo na eternidade.

Aninha Guedes
Enviado por Aninha Guedes em 27/03/2019
Código do texto: T6608943
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.