Por Uma Educação Libertadora

(As trevas que envolvem a Educação brasileira se valem de um enfraquecimento da mesma. Tal enfraquecimento se deve à perda de valores como o respeito ao Outro, às Diferenças, ao Espaço Alheio. A falta de estrutura familiar (por favor, não sou de Dureita, digo, Direita nem de Esquerda; procuro olhar para Trás para entender o que há à frente) compromete as relações sociais quando muitos indivíduos se veem na tarefa de lidar com os outros. Em casa esses indivíduos tem um convívio diverso da esfera social. Mas não se pode culpar video-games, a internet ou a falta de contato com outras pessoas fora de casa. É um despreparo familiar na criação dos infantes, adolescentes e jovens.

Mas o que falta? Amor? Carinho? Ou será que está sobrando?

O que falta é diálogo. A voz da experiência no contato com o mundo lá fora. O que falta é isso. Diálogo.)*

À Escola Brasileira falta ensinar os Valores que se perderam há alguns anos -- décadas, se não for exagero. (Se observarmos bem, são décadas atrás que levam consigo os Valores que se perderam).

Sendo mais objetivo. A Escola Brasileira deveria ter um Currículo Integrado (muito mais que uma mera "base" nacional vulgar, digo, comum, curricular, que não dá conta de abarcar valores éticos, limitando-se a atender aos gostos de uma pretensa e suposta "elite"** [no Brasil há espaço para uma Elite?], cujos Valores Éticos predominassem. Arrolo, a seguir, alguns desses valores, a exemplo de "Competências" (tão em voga; deve ser a influência das leitura de Perrenoud sobre os teóricos da Educação, povo que jamais deve ter entrado um dia sequer numa escola pública para vivenciar as dificuldades e os problemas diários pelos quais passam professofredores dessa terra verde-amarelada). Ah, a Moda das Competências. Deixemos de lado nossa crítica e prossigamos:

1. Reconhecer o Outro como um Eu Externo a Mim. Conhecer (para reconhecer) seus Direitos e seu Espaço. Como conhecemos/reconhecemos os Nossos.

2. Defender o Diálogo como Força Intermediária na resolução de conflitos de diversos tipos.

Explica-se:

1. Ao se reconhecer o Outro como um Eu Externo a Mim facilita-se o processo do Respeito ao Próximo. É um Princípio Básico de Urbanidade e Cidadania, tanto no que diz respeito ao Espaço do Outro e aos seus Direitos. Regras para um Bom Convívio Social em que amenizam-se confrontos (e mesmo conflitos) por diferenças de opiniões.

2. A visão do Diálogo como Força Intermediária na resolução de conflitos é uma aposta ética. Conversar com o Outro sobre suas dificuldades, suas opiniões, saber seus pontos de vista, dentre outras coisas, é um investimento no bom relacionamento interpessoal. É um exercício democrático.

Para simplificar ainda mais:

Os professores podem (e, com efeito, devem) fazer planos de aulas que contemplem o diálogo além dos componentes curriculares. Sempre a primar pela exposição verbal dos alunos: o que a escola pode fazer para ser um espaço mais democrático e inclusivo? Pode-se, de igual modo, preparar aulas em que os alunos perguntem uns aos outros no que podem ajudar, quais suas dificuldades. Se, por exemplo, um aluno demonstra estar chateado com outro(s), convém que eles se dirijam a ele e demonstrem preocupação: "Foi algo que eu disse e te magoou? Se 'sim', queira me perdoar, por favor. Não quero te ver chateado com ninguém. A gente está aqui pra ajudar uns aos outros."

Talvez eu tenha me delongado em demasia ao tentar expor minhas ideias quanto a uma Educação Libertadora. Explico-a melhor. Por esse conceito entendo que ela deva libertar os alunos das práticas maldosas do Bullying, essa praga escolar, que leva a extremos como casos em que a violência se instala na escola e avança como um tumor maligno.

Em suma, uma Educação Libertadora deve tornar os futuros cidadãos conscientes de seus Direitos e Deveres. Para consigo e para com o Outro. Também porque (conforme uma linha de pensamento) não há outro, e sim Nós Todos (sendo) Um.

NOTA

* Entre parênteses encontra-se o rascunho; resolvi tentar mantê-lo. Para servir de algum modo.

** Cf. Cury, Reis e Zanardi. Base Nacional Comum Curricular: dilemas e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2018.