Abrir. Entrar. Devanear.

Abrir a porta, encarar o mundo e correr até alcançar alguma coisa que você ainda não estabeleceu ou até as pernas doerem.

Mergulhar em um mar de possibilidades que você não sabe nem pra qual lado nadar, nem sabe se é muito fundo, e chegar quase no magma quando perceber que nadou a fossa abissal inteira.

Pegar uma estrada tão longa e cheia de paisagens bonitas que quando se der conta estará em outro país, em outro polo, quase em outro mundo.

Abrir as janelas dos olhos e enxergar leques e leques de probabilidades das quais dentro de você, com as janelas dos olhos fechadas, nunca iria enxergar em sã consciência.

Abrir.

Não mais as janelas, as portas, agora.

Abrir a poesia mais próxima.

Abrir um livro, colocá-lo no chão e pular em outro universo, pular em outra dimensão.

Adentrar, mas não no livro, que fisicamente é impossível, Entrar na sua mente, entrar dentro de você, mergulhar dentro do subconsciente e vasculhá-lo como se fosse um biólogo marinho entrando em águas nunca tocadas. E procurar algo novo, algo pra se catalogar e colocar nas pastas da memória.

Entrar.

Entrar nos corredores de memórias, postas em ordem cronológica, alfabética, numérica. Correr até onde achar que tem algo interessante, e tatear. Sentir. Cheirar. Relembrar.

Colocar no mesmo lugar, direitinho. E voltar para onde se parou, e continuar dali pra frente. Sem olhar pra trás com frequência, só uma vez ou outra. Aí você corre nos corredores, refaz o processo, e vai embora novamente.

Tenho que admitir que por vezes tem flores nos corredores, e por outras vezes há espinhos. Cuidado pra não vasculhar o que não se deve e acabar no azar do ferimento.

Devanear.

Comprar um livro pela capa. Ver que o conteúdo é bom. E entender que você pode mergulhar nele, pode adentrar e conhecer mares e céus; Paisagens e espinhos.

E pode com ou sem ele, abrir as janelas, as portas e correr pro mundo. Compreender que consegue sem ele, mas com ele é mais fácil;

Que é menos doloroso quando se abre as janelas da mente e de cara, enxerga o papel, as infinidades de possibilidades e probabilidades, e tudo que possa caber em uma folha.

Igor Honorato
Enviado por Igor Honorato em 03/04/2019
Reeditado em 03/04/2019
Código do texto: T6614433
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