Síntese da Vida

O Filho da Navalha passa pelo estreito obscuro da cesárea.

Ele não sabe seu nome ou sua raça, sabe apenas que agora respira.

Aquela onde habitou suas longas horas de espera, dorme.

Ele plácido, descanse sobre um ventre pelo avesso. Fora.

E alucinada fome o invade. Leite. Ela acorda...carinho, calma.

Pelo cheiro alcança o peito. Ah, saciaste-me!

Desacordado, posto ao berço. Leito.

Que lugar é esse? Dentro dele confusão sempre que acorda. Dá-me aquela coisa morna que me põe dormir de novo! Demora.

O grito rompe em ecos. Passos: Agora sim serei salvo.

Esse carrossel, desde o fio da navalha até o último suspiro se repetirá.

Muitas coisas passarão pelo seu interior: água, suco, papinha, algodão doce e perus de Natal. Haverá fumaça e álcool também.

Um tubo estranho chamado respirador. Olhares curiosos. Por quê? agora voltarei para a origem de todos os tempos e lugares por onde já passei. Alívio.

"Luz, mais luz". Boa Viagem.

Voando Alto
Enviado por Voando Alto em 22/09/2007
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