A inveja do sol

O sol dorme

Torna a levantar

Toma um virtuoso porre

E volta a repousar..

Inveja os ursos

Que longamente podem ibernar

Inveja a hora, que nunca é a mesma,

Quando lhe estão a apontar.

Procura o anel tão disputado

Quanto o véu das noivas, no mês de maio

Que deram á Antônio, no ano passado,

trabalho mui redobrado!

Anel pelo fogo forjado,

Pelo fogo também devorado,

Dando poder ao seu dono

De por ninguém ser enchergado!

Anel que pelas trevas mesmo

Só poderia ter sido inventado!

Anel da loucura do homem inchado

De ego, que seu mal tem ocultado..

Anel da omissão, da competição,

Da mais profunda traição,

Do assassinato do próprio coração,

Sempre com uma boa intenção!