03:03am
03h03 da manhã.
Um cigarro recém acabado queimado mais pelos sopros fortes do ventilador ao pé da cama do que pela minha própria vontade. Nem sei porque fumei - dias atrás nem os queria, hoje, por minha própria realidade trago um maço.
Setenta dias fora de casa.
Da casa de minha mãe.
O que tenho feito? Porque tenho feito?
Ainda me pego na parada de ônibus esperando que o próximo a passar nunca pare. Alienada. Interna em mim, de mim.
Essa ânsia de fuga
Essa vontade de esperar que no nada um dia chegue
Vai chegar?
Essa vontade um dia chegará?
No viver do agora capturada pelo flutuar da quase inexistência.
Tanta coisa queria contar
Tanta coisa afogada na alma fazendo parecer só a casca estar aqui aguardando ruptura.
Mais um cigarro?