UMA JANELA ENTRE AS DIMENSÕES DO PENSAMENTO

Além da janela, há outra, cega, não há vidros, aberturas, simplesmente uma parede pintada em branco, no segundo quadrante, a tinta começa a descascar e talvez pela ação dos raios do Sol que a alvejam nos finais de tarde, as casquinhas enrolam-se, para desenrolarem-senos dias de chuva e frio.

Hoje, com a claridade das nove da manhã, de frente, observei bem as casquinhas e pareceram-me um soldado romano, daqueles da via sacra.

Um pouco mais acima da janela imaginária, de orelha no ombro direito, da para ver as nuvens, escassas, branquinhas, tipo algodão doce, dos fracos, ainda em formação na caçarola da carrocinha. Elas lembraram-me de um comercial do dentifrício da Kolinos, quando o esmaecer de uma nuvem, tentava simular o frescor do produto.

Pois bem, é nesta janela que não existe, que tento concentrar-me no mundo que se turbilhona mais adiante!

- Hoje os revezes do tempo me dificultam passar até pelas portas, mas imaginem passar por janelas?

Quase impossível, exceto pelas janelas entre as dimensões do pensamento.

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 25/05/2019
Reeditado em 25/05/2019
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