Arte ao olhar do outro
Há poucos dias venho dizendo que me afastei da música
Eu afastei do trabalho com a música
Do trabalho que precisa ficar perfeito para os olhos do outro
Eu como boa neurótica, o olhar do outro imaginário ainda é maior que olhar do outro real
Tudo precisa ser perfeito, vivo lendo e e direcionando os atendimentos para que meus pacientes aceitem a falta que existe em todos nós, os neuróticos
Ao entrar na linguagem, ser falantes, foi preciso abrimos mão do tal Das Ding que Lacan diz
Mas eu não aceito essa falta, não aceito o erro
Mas voltando ao assunto sobre música, eu ainda a amo
Mas não gosto da pressão que faço em mim mesma para que saia tudo perfeito
Mas são muitas horas cantando sem pausas com medo da percepção do público
Na ultima vez que pisei em um bar para cantar, disseram que sou muito parada
Se quer batidão, contratem um Dj
Nada contra, até gosto
Eu falei hoje para a primeira mulher que disse que eu podia cantar que eu me distanciei da música, depois da visita da ansiedade de hoje, que há tempos que não a via dessa forma
Parece que sempre quero ser a melhor em tudo, quero abraçar o mundo
Quero ser a melhor psicóloga e a melhor cantora
Como psicóloga sempre soube que precisava estudar e construir a psicóloga que seria
Como cantora dizem do tal dom
Acho que dom seria trabalhar com arte e continuar sendo arte
Porque depois que enquadra, se torna apenas uma exposição aos olhos do público
Prefiro então trabalhar com algo que posso ajudar as pessoas encontrar a arte nelas mesmas
Enquanto isso, visito a minha de quando em quando
A minha arte não serve para ser exposta
Por que aos olhos do outro, não sei o que será
Prefiro manter perto apenas dos meus