Horizonte

Avistei-o sentado em uma cadeira, mãos unidas sobre a bengala e olhos fitos no horizonte. Dessa mesma maneira ali estava já fazia uns dez minutos, e nem mesmo a confusão que há na rua em frente, com toda aquela rotineira movimentação de carros e de gente, dispersava-o. Estava vestido com uma calça de tergal marrom, camisa social branca aberta no primeiro botão, cabelos grisalhos e na mente um mundo Indecifrável para mim.

Ele encarava o horizonte de tal maneira, que qualquer outro olhar jovem atento também ficaria surpreso - assim como eu fiquei- com tamanha intrepidez. Os olhos daquele homem viam algo que eu era incapaz de enxergar, pois os olhos da gente são como lentes de câmeras. E assim como existe uma lente mais potente ou com melhor qualidade que a outra, também existe o olhar com maior resolução que outro, e isso tem nada a ver com quanto mais moderno melhor, pois com os olhos é exatamente o contrário. Isso significa dizer que quanto mais vivida determinada retina, melhor será a visualização de tudo que se passa à frente.

John Canere
Enviado por John Canere em 06/06/2019
Reeditado em 22/04/2020
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