Idealizações

Quando voltamos a nós mesmos, ferimos idealizações, pois elas ferem nossa alma. Elas agem como moléculas de ferro. Na tentativa de forjá-las à realidade e pela ilusão do nosso pensamento, tudo o que conseguimos é uma Katana de dois gumes, apalpamos a lâmina com força e vontade achando que são nossas convicções nos guiando e acabamos ferindo nossas mãos. Na expectativa de cicatrizá-las e contar uma história futura, quando na real tudo o que fazem, é apenas ulcerar cada vez mais. Direcionamos essa espada diretamente para a natureza do nosso próprio ser, levando a um haraquiri de nossa essência e nossos sentidos.

Quando pensamos na natureza, achamos que observar árvores é o suficiente, porém esquecemos da natureza que existe em nós e deixamos nossas árvores perecer. Acabei observando demais as tuas árvores. Tentei habitá-las, orei ao Thor, Zeus e Chaac que controlasse sua pluviosidade; Tentei cuidá-las, protegê-las, idealizei-as para que testemunhasse algum dia crescê-las ao teu lado e contemplá-las na luz turva de um verão qualquer... e no fim... tornei-me a sombra a qual eu temia. Acabei deixando minha floresta morrer, por culpa unicamente minha. Tua floresta agora junta-se a uma mais perto. Não resta raiva, não resta ressentimento, nem mágoa. Não há nada a cobrar, não há nenhum mal a desejar e não há nada a dizer, nem indiferença resta sequer. Resta uma lição. Resta uma floresta morta... a ser reconstruída, voltada ao meu próprio ser.

Resta um poeta morto, que não deseja ela, mas que pode entender a morte de perto.