Flores

Não me traga flores a meu sepulcro,

Não lamentes no âmago mais profundo,

Chorar! Não gastes lágrimas em vão.

Ali, somente o corpo as vésperas da putrefação.

Cálido semblante maquiado,

Bocas secas cerradas no vermelho mais falso,

Caixa vazia, nem espírito, nem alma.

Não será o choro, não será o lamento,

Nem recordações, tão pouco sofrimento,

Atenuantes do descompasso mitral.

Devora a ânsia, autopiedade inconsciente.

Na trêmula haste em contínua procissão que segues

Conta os passos, conta as mãos que hão de abraçar-te.

Já é manhã e o furor do outono suspira a brisa.

Que resfria ainda mais lenta a baforada em neblina.

É medo, é frio, é tristeza.

Mas de tudo única certeza

Algum dia estarás por al

Paulo Sergio Barbosa
Enviado por Paulo Sergio Barbosa em 24/06/2019
Reeditado em 24/06/2022
Código do texto: T6680933
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.