Trabalhos Acadêmicos (DICAS)

Saudações do WV...

Venho, por meio do presente, apresentar algumas dicas com base em minha metodologia de pesquisa e elaboração de trabalhos acadêmicos.

Antes de mais nada, desejo opinar acerca do comprometimento com o qual devem ter os neófitos (ou seja, os ingressantes em cursos universitários). Com efeito, mesmo mestrandos e doutorandos deveriam seguir essas dicas, malgrado sua comprovada experiência acadêmica. Afinal, ciência é metodologia. Sem método, sem chances de se chegar a lugar algum. Perde-se logo de início.

1. Considerem (Vós, os integrantes dos Grupos) fazer uma busca responsável (não apenas na internet, mas também em bibliotecas -- principalmente as universitárias, que são minhas preferidas), na qual cada membro do grupo é incumbido de uma ou duas tarefas sérias. O trabalho é de Sociologia? Procurem por palavras chave como "Introdução ao Pensamento (de Horkheim, de Weber etc.)". Certo é que os vossos professores irão dizer qual o assunto do trabalho. Vocês terão apenas de a) levantar as referências (com ao menos um livro em idioma estrangeiro, seja inglês, espanhol, italiano, francês etc., que deve efetivamente ser citado, para assegurar que foi lido ou consultado com vistas a servir de apoio à vossa argumentação; traduções não podem consistir em 100% das referências. É interessante que o idioma original sirva em algum ponto da pesquisa. Porque isso aponta para a vossa maturidade acadêmica).

2. Quando leio teses de doutorado (minhas preferidas; dissertações de mestrado também me interessam, mas não ao ponto das teses, haja vista o grau de comprometimento e mesmo de ineditismo dessas últimas), fica mais ou menos claro, objetivo, óbvio mesmo, para mim, que as referências (livros, artigos científicos etc.) são visíveis indicações de leitura. Não raro, chego a comprar algumas, quando não as posso adquirir, tento baixar versões em PDF. Mas sou sincero: como construo minha biblioteca pessoal há mais de uma década, não poupo e$forço$ em adquirir bibliografia.

3. Depois de algum tempo (levei coisa de dois, três anos), você passa a saber, por experiência, que algumas editoras possuem traduções de ampla aceitação (universidades públicas optam por elas); não cito nenhuma delas agora porque não estou sendo pago para isso (risos). Cheguei a essa conclusão após muito ter lido artigos de Denise Bottmann em seu Blog "Não Gosto de Plágio". "Tradução é prótese", nos diz Umberto Eco (2010:39) em seu "Como Se Faz Uma Tese". Tá certo. Mas convenhamos: se o original é grego, alemão, russo ou qualquer idioma não tão acessível assim, deixamos de estudar determinada obra*? Não. Claro que não. Apenas nos apoiaremos em traduções de editoras confiáveis, ok?

4. A busca por palavras chave (no acervo online de algumas bibliotecas) auxiliam muito na escolha de determinada referência. Exemplos de palavras-chave: Shakespeare, Teatro Grego, Comunicação Social, Poesia Concreta etc.

5. A redação acadêmica depende muito da qualidade do autor dela. Não é porque o trabalho é sobre Matemática que devemos nos ater apenas às questões numéricas, algébricas etc. Saber planejar, desenvolver e expor seu pensamento, sua pesquisa, em produção textual, implica ter muitas leituras. E ser um praticante da produção textual. Estar em dia com a redação.

6. Procure desenvolver uma leitura menos superficial possível. Leia uma, duas, três, quatro, cinco, sete vezes (força de expressão, heh-heh...) o mesmo texto. Anote em folha de papel à parte trechos que mais lhe chamaram a atenção. Procure praticar a paráfrase, ou seja, explicar o que o autor diz com tuas próprias palavras, pois isso aponta para um bom entendimento de tua parte.

7. Se ainda não o fez, procure aprender ao menos dois idiomas além do teu. Eu, por ora, indico o inglês e o espanhol, para iniciantes. O ideal é ter uma boa compreensão, ainda que não tenha desenvolvido a fluência, de uns quatro, cinco ou mais idiomas. Cito o italiano, o francês, o alemão, o russo (dá pra crer nisso? risos) e o grego para chegar mais longe. Mais tarde explico isso**.

8. Estas dicas carecem de uma revisão, de melhorias. Assim que possível eu o farei (hahaha! Não existe "depois": "depois" o café esfria, "depois" a gente não estará mais aqui etc.).

9. E aí: envie-me um e-mail ou apenas poste um comentário sobre tuas experiências com isso. Vamos ver se a gente vai aprendendo um com o outro por essa troca de ideias. Quem sabe, né?

W. V. Fochetto Junior

NOTA

* Diferencio "obra" (livro em especial) de "Obra" (conjunto de publicações, de "obras" de um mesmo autor, em sua totalidade).

** Quiçá numa crônica sobre esse tema