ASÉ.

Tem algo no samba que me deixa imensamente feliz. Nunca fui tão feliz como sou depois que descobri o samba nos meus pés. Enquanto escrevo meu coração samba. Estou viva. Sinto meu sangue vermelho circular por todo corpo e o som do samba que toca, invadir minha alma. É som que arrepia a nuca. Penetra sem dor nos ouvidos. É excitante. É doce, tranquilo. É Caboclo, Pai Preto, Exu, ôdoyá rainha do mar. É prece. É adoração. Curtição. Dor no peito, coração partido. Amores passados, destruídos. É pele negra. É mulher guerreira, forte, independente. É homem feliz, sortudo, cabeça. É justiça.

Cerveja gelada, churrasco na brasa, pandeiro na mão. Vestido longo, pés descalços, enfeites, colares e brincos. Mexe o ombro, as mãos, o quadril, as pernas. Suja teu pé de chão. Sente o calor humano do seu parceiro. Vê o padeiro, o banqueiro, o doutor, sambando. Pra quem não sabe sambar, é fácil. Solta teu corpo, o som te leva. Sentiu o toque? O ritmo? Agora dança. Samba. Samba com fé. Saravá!

Canta Cartola, Elza, Martinho, Bethânia, Alceu, Clara, Adoniran, Beth, Paulinho, Elis, Bezerra. Canta samba. Toca samba. Dança samba. Minha cultura, minha fé, minha justiça. Meu sangue, meu corpo. Minha alma. Minha gratidão.

Danielle Tonioli Gonçalves
Enviado por Danielle Tonioli Gonçalves em 22/07/2019
Reeditado em 14/12/2022
Código do texto: T6702012
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