Página em Branco

O dia começou, acorda menina, é hora de levantar. Ao abrir os olhos nos deparamos com a mais nova possibilidade ou perspectiva de começarmos um novo dia. Uma página em branco diante dos nossos pés ao levantarmos da cama. A cada dia uma nova oportunidade de começarmos diferente o que insistimos em continuar igual todos os dias. A mesma rotina do café, do levantar, do vestir, do sorrir.

Sorrir para a vida que mais uma vez se inicia ao abrir dos olhos na manhã que se inicia. Gratidão ao abrir a janela e sentir o vento gelado tocar nossa face, olhar para o céu e sentir o gosto da vida nos pássaros que pousam em cima do telhado. Gatos que se deslumbram com a mais vaga tentativa de que um dia os caçariam mesmo que no alto ou quem sabe uma tentativa frustrante de pega-los em um voo baixo.

Sim... essa é a vida. Que mais uma vez inicia. Acorda menina, já amanheceu o dia, e dentro da alma a vontade imensa de ficar ali, esperando findar algo que nem ao menos começou, apenas se iniciou a vontade de ficar ali. Sem sair, sem agir, apenas sentir seu pesar ou pensar, apenas ali.

Acorda menina, sai daí, vem sentir a presença esplêndida dos que vivem essa essência que por muitas vezes nos falta. Nos move, no socorre ou nos mata. Dores que sufocam a nossa alma, nos tormenta e nos reinventam.

A vida mais uma vez começa, e a página em branco está ali, bem ao lado da cama ou apenas debaixo do travesseiro, esperando para ser escrita, no findar ou começar do dia. Acorda menina, a vida está ali, ou penas aqui, do lado direito ou esquerdo na cama, esperando para ser escrita, lida ou apenas vivida, por alguém que ainda continua aqui. Acorda menina, a vida está aí, esperando para ser escrita, sonhada ou desejada. Almejada ou apenas sussurrada pelos sopros do coração, que insiste em deixa-las ou mantê-las nas dores da alma e da solidão.

Mayra Gomes
Enviado por Mayra Gomes em 29/07/2019
Reeditado em 29/07/2019
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