O Silêncio De Uma Nação
O dia amanheceu calmo, calmo demais...
Os passarinhos fizeram luto, suas cores verdes e amarelas pareciam apagadas de dentro da gaiola, era a lembrança perpétua da liberdade lá de fora.
O que antes era festa tornou-se desunião, pois escolher um lado da calçada fez-se prioridade, um privilégio dos atinados e o desatentado pobre de intelecção foi baleado no peito pelo conflito fraccionado de uma nação.
Faz tempo que os raios fúlgidos não brilham no céu da pátria, faz tempo que o povo heróico tornou-se frio, quieto e passivo. Aonde foi parar a ordem? Em que lugar se escondeu o progresso?
A natureza pediu socorro, mas o ser humano não ouviu. Hoje os pássaros se calam pelo Brasil que já existiu, se foi com a esperança da igualdade no bando.
Bando de animais, bando de selvagens. Escolha entre a calçada da esquerda ou da direita, calçada do tigre ou do leão, se ficar ao meio será devorado como um pobre coelho pelo gavião. Desesperadamente desolado. Vestir a camisa dez talvez traga exaltação, mas porquê esconder o rosto quando sua alma é despojada na urna e nem ao menos dizer um não?
O dia era de grande excitação, o short azul e a camiseta amarela entram no campo. Ataca, chuta, gol, é campeão! O sorriso no rosto, o Hino decorado e um aperto de mãos. No trono o falso líder, ajoelhados os humilhados. Guiados á miséria, ele saúda os idiotas enquanto rouba mais um tostão, o dinheiro do seu hospital foi para Miami e para mais um carrão, a tua fome pagou o caviar dele e você agradeceu pelo amassado pedaço de pão.
Pare! Não vê que a dor é de todos?
A pátria amada foi esquecida pelo seu próprio povo e o futuro de grandezas hoje se faz pouco para aquele louco.
Louco que grita, chora e relembra á nós sobre o dia que amanheceu cinza, sobre a tristeza que paira no ar.
Para onde foram os dias felizes?
Quando é que o povo brasileiro vai acordar?
Quando é que o passarinho verde e amarelo voltará a cantar?
(11.04.2018)