Ei-las aí (As máquinas)

Desconfio de todo filho da puta que venha com um método pra cima de mim. Tudo começou com Descartes — o qual, apesar de ter oferecido muitas saídas ao pensamento, simultaneamente trancou-o dentro de uma caixinha. Há que se ter método, sim, mas não para definir-se como ser humano.

Porque ser um ser humano significa muitas vezes mandar o método à merda. Um comportamento metódico e dogmático leva ao conservadorismo, à estagnação mental, à preguiça intelectual e, por fim, à desonestidade automática. Quem é mais hipócrita do que aquele que se vendeu à técnica?

Observe esses técnicos babacas que não conseguem soltar um barro sequer sem antes fazerem seus malditos cálculos: diria que são humanos? Não. São inóspitos autômatos, maníacos manchados pelo método, tecnocratas desprovidos de coração, engrenagens orgânicas de uma máquina doentia.

É este o sonho, se é que robôs sonham, dos cabeças dessa revolução às avessas que planeja desumanizar a raça humana. "É fraqueza demonstrar sentimentos", dizem em seus manuais de filosofia para ciborgues. "Você deve humilhar, destruir seu inimigo", dizem esses ícones da demência.

É com esse tipo de entidades que nós, seres humanos, estamos lidando. Não se deixe enganar: sua vida não vale nada para eles, pois foram além, transcenderam a psicopatia e aniquilaram em si mesmos qualquer resquício de empatia. Se você já temia o domínio das máquinas, ei-las aí.

Damnus Vobiscum
Enviado por Damnus Vobiscum em 09/08/2019
Código do texto: T6715890
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