Conselhos de um velho escritor a seus netos
Ao escrever, expressem de forma rápida. Se possível, com breves e poucas palavras!
Nada de "entrementes", "não obstante", "haja vista", "ininterruptamente". Prefiram sempre "por outro lado", "porém", "dado que", "sem cessar". A idéia tem que ser passada rapidamente, antes que o interesse se perca.
Evitem as vírgulas o máximo que puderem! Prefiram os pontos! A leitura ganha ação, se torna mais agradável e menos penosa. Sejam diretos!
Se possível, coloquem frases de efeito, para chamar a atenção! Isso valoriza tanto...
As pessoas estão lendo cada vez menos. Ler e escrever há muito deixou de ser um exercício de prazer para a massa. Só para vocês terem uma idéia, as expressões "banheiro masculino" e "banheiro feminino", em muitos lugares, foram trocadas por palavras breves, como "damas" e "cavalheiros". Quando é assim nem é tão mal. E quando é só "ele" e "ela"? O que dizer, por outro lado, na infinidade de bares, boates, casas de show e até universidades em que essas palavras foram substituídas por imagens de fácil reconhecimento?
Somente em círculos mais intelectualizados que esses signos exigem um pouco mais de reflexão e conhecimento.
Aprendam uma coisa de suma importância: a cultura ainda é valorizada. Só que, pulo do gato, está sendo apropriada por poucos, aqueles que têm o domínio sobre as mentes. Pertençam a essa elite!
Portanto, se querem vender muito, sigam os meus conselhos e preocupem-se com a estética do texto. Se já era valiosa nos bons tempos, quanto mais agora, em que a estética ganha o que o conteúdo perde em importância. Isso em progressão geométrica, héin!
Ah! Falei da estética, me lembrei de um conselho muito importante: se vocês tiverem a sorte de serem bonitos, esqueçam de tudo o que eu falei anteriormente.
Não sejam escritores. Sejam modelos.