Quando os ipês florescem


 
A fama do mês de agosto  é antiga.  Mas penso que podemos olhar para  as coisas ruins que acontecem nesse mês como algo  que não foge ao cotidiano. O desgosto de agosto arraigou-se ao nosso imaginário,  mas, o  que a vida faz é nos livrar de alguns encostos. Esses sim, nos causam desgosto!

Para alguns, agosto é um mês trágico e as estatísticas de tragédias não desmentem tal afirmação. Por outro lado, creio ser o mês que fecha ciclos, seja de uma vida, uma história ou da natureza. É como se ele dissesse: já chega, hora de recomeçar. Agosto é  interlúdio entre estações, como a noite  que faz a ponte entre o  pôr  e o nascer do sol, o crepúsculo e a aurora – morrer e renascer.

Especificamente no Piauí,  agosto consolida o aniquilamento da estação anterior (clima menos quente) e abre as portas para a primavera e o B-R-Ó-BRO (meses mais quentes do ano). Este mês as flores dos ipês caem, quando isso acontece, parece que a vida ali se exauriu, mas aquela árvore morta nos surpreende com sua beleza e  capacidade de se renovar. Agosto só reforça o ciclo da vida que morre e renasce sempre.

Revendo meus “agostos de desgosto”, percebo que foram  sofridos e necessários para que houvesse um recomeço. Tal qual as flores dos ipês, eu morro - não somente em agosto - mas cada vez que preciso fechar ciclos, pois todos devemos enterrar os mortos que guardamos no armário,  ou ainda, deixar para trás situações fracassadas e pessoas que queremos conservar em nossas vidas como roupas que não nos servem mais e insistimos em guardá-las. 


Um dia, sei que morrerei pela última vez, mas até lá,  renovar-me- ei sempre como os ipês. 









Nota da autora: Enquanto estava absorta em meus pensamentos uma amiga muito querida  mandou -me uma música  de Flávia Venceslau:  "Te desejo vida", que  tinha tudo  a ver com meus pensamentos. Com certeza os anjos da guarda vêm disfarçados de amigos. Obrigada, Anna Franciele.


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