o ponto de ônibus

Oi, E.

Ele tentou pegar minha mão, e eu nunca me senti tão grata em estar carrega de coisas. Eu não queria. Mais uma vez um livro me salvou. Acho que hoje eu dei meu lado "summer" para alguém. Eu lembrei da gente saindo da faculdade, com o seu amigo, e você estendendo sua mão, me convidando a andar ao seu lado. Eu peguei e senti tanto amor naquele momento. Lembrar isso me faz pensar que cena bonita deve ter dado.

Eu claramente não estava mais afim daquele cara, e na décima vez me esquivando dos braços dele eu tive vontade de perguntar "Já ouviu falar em espaço pessoal?". Simplesmente não dava. Em algum momento eu desejei que você aparecesse. Acho que foi de tanto evocar suas lembranças.

Por que foi tão diferente? Por que senti nojo de mim mesma, beijando aqueles lábios? Acho que fora do efeito do álcool e sem a euforia da dança não sobrou chama alguma para chamar de desejo. Nunca um ônibus demorou tanto para chegar e a cada nova investida da parte dele eu queria sair correndo. Cada vez que ele me chamava de "amor" um arrepio percorria minha espinha e eu queria enterra minha cabeça na terra.

Até que enfim ele partiu, eu podia ter ido junto, pegado o mesmo ônibus, mas preferi esperar, com uma desculpa esfarrada, a ter que passar pelo mesmo suplício novamente. Um alívio, a solidão.

Depois de todo esse tempo sem você, imagine que agora minha solidão não se chama mais assim. Agora ela é solitude. Não deu certo com quem eu queria que desse. Com quem claramente daria certo, você. Então agora não quero mais passar por isso. Estou muito bem assim. Não será mais.

Thais Piccolo
Enviado por Thais Piccolo em 24/08/2019
Reeditado em 24/08/2019
Código do texto: T6728273
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