Não sei o que vou fazer quando envelhecer, mas confesso que tenho medo do  mar violento em que colocarei meu barquinho furado. Não que não o tenha dado o valor necessário enquanto ele me trazia, mas quem conduz, não tem muito tempo para apreciar a si. A parte mecânica está em dia, "checkup" de tempo em tempo, orientações seguidas à risca. Mas a estética é meu "Calcanhar de Aquiles". E em tempos de amores líquidos, e se me faltar dinheiro (em barco furado a água é inevitável), decerto serei órfã da descendência com direito à sentença com pena (sem compaixão) de morte.
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 10/10/2019
Reeditado em 04/05/2020
Código do texto: T6766161
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