Fluxo de Consciência 10/10/19

Eu preciso vomitar este monstro que há dentro de mim. Rio, rio, compulsivamente. É puro id, gozo pleno. Não, não é no ato sexual, mas principalmente no riso. A caminhada noturna é o verdadeiro prazer, pois é nela que revela-se o verdadeiro eu. Aos poucos vou enlouquecendo e vou me confortando conforme percebo-me insano. Pois é na minha verdade que está o real significado. Somente a alma torturada é capaz de ver, de ver aquilo o que vejo. É fato que isso somente me levará à autodestruição, mas se faço, faço na certeza de que é isso que se deve fazer. Se vejo, vejo pois olho os olhos do diabo das entrelinhas. Ninguém o vê. Ao menos ninguém que conheço, ninguém que não sofreu o que sofri. E conforme o tempo passa, atravesso a linha do inadmissível. Mais "para lá" que "para cá", sinto-me cada vez mais o perverso que sempre recalquei. Mas veja que sincero, cada vez mais sincero, cada vez mais impotente no ato de reprimir o que me assusta, cada vez mais identificado com o assustador, disfarçado no nível sincrético, pouco manifesto, mas cada vez mais, cada vez mais à superfície, de modo que todos, eventualmente descubram, talvez da forma mais dolorosa, talvez da forma mais visceral. Caminharei por debaixo de vossas peles e serei a praga que corre sobre vossos corpos. Eu, eu, cada vez mais eu. Desde a origem, até o fim, soarão as trombetas e dançarei sob a calamidade do mundo. Tão moribundo quanto vós, mas risonho, carregado e reconhecido pelos desviantes, mergulhado nas neuroses e nas psicoses dos homens. Sou eu, e somente eu, embora apegado às referências do controverso. Retaliarei eternamrnte contra minha velha injustiça até que por fim caia e jamais levante, nem uma vez mais.

Rafael Gonçalves
Enviado por Rafael Gonçalves em 11/10/2019
Reeditado em 11/10/2019
Código do texto: T6767187
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