Vacuidade

"Eu me sentia como se estivesse caminhando para o fim, para a morte. E estava ! Na realidade, eu e todos os outros seres humanos do planeta. Aliás, não era privilégio nosso; os demais seres iam na mesma direção, cientes ou não. A única diferença entre eles e eu, era que, decididamente, eu não me importava.

E todas as manhãs, sem exceção, eu relutava com essa coisa de não me importar, simplesmente por ser inevitável, impreterivel.

O tédio, muitas vezes, me foi um companheiro fiel e, eu nem dava mais conta do quanto me afundara num ócio interminável.

Dormia na companhia deles, enquanto, meus questionamentos, anseios e insatisfações desapareciam no breu da noite. Porém, como costumava deitar-me próximo à janela do quarto para lançar meu olhar saudoso, nem sei bem do quê, para aquele mesmo céu que me cobria desde quando nem me entendia por gente; eu me sentia, mais que do que nunca, tão viva e vibrante, como se uma corrente de energia me penetrasse o âmago da alma e fizesse então ecoar aquela sensação como se num desejo de eternizá-la. Assim, tudo parecia tão perfeito e completo. Havia uma espécie de desidentificação de mim mesma e de tudo ao meu redor. Onde quer que me encontrasse, nos meus sonhos ou em meus pesadelos, a sensação de pertencimento me fascinava e me acompanhava pelo restante decorrer do dia. E, pra lá me teletransportava de vez em quando, no arrastar de horas em que nada relevante acontecia.

Talvez, eu esperasse a glória de uma vida cheia de significados.

Mas, qual seria o objetivo da existência afinal ? Não conseguia alcançar a lógica por trás dessa nossa incomoda e incessante indagação.