O CÁRCERE ESPIRITUAL

Ficar sem respirar é, definitivamente, uma das piores sensações de todas. Fico extasiado quando analiso os pequenos detalhes de nossos primeiros segundos de vida: onde utilizamos nossos pulmões pela primeira vez, eles são expandidos, sentimos severas dores por isso, mas, logo depois, sentimos um alívio tremendo. Respirar é algo tão íntimo que nem damos conta que estamos fazendo isso agora mesmo – “ora, é só uma respiração!”, pensamos. De todas as coisas do mundo, dificilmente você dirá que respirar é algo ruim e que deveríamos parar de fazer isso imediatamente; sofremos tanto para conquistar essa vitória. Dependemos desse mecanismo vital para sobreviver! No entanto, o que acontece quando sofremos para concretizar algo que julgamos bom e o encaramos como prática salutar quando, na verdade, é algo que nos aprisiona em uma visão de mundo limitada? Ou será que por estarmos bem, estamos livres e é a sociedade que não nos compreende?

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” – Salmos 139:23-24

Você pode até achar que não, mas nossas almas estão delimitadas em algum viés ideológico. Na minha e na sua mente, existem “verdades” tão verdadeiras que nem sequer chegamos a pensar nelas, assim como a respiração, audição e a fala. Em linhas gerais, isso é esplêndido. Tal linha de pensamento nos confere uma boa argumentação de ideias, nos trás confiança e atuam como nosso eixo central, de ondem partem todas as nossas decisões. Ouvimos dizer “Tudo é relativo”, relembrando das grandes descobertas de Albert Einstein – e isso é verdade, mas não se aplica necessariamente à espiritualidade humana. Não como ele propôs.

Os movimentos involuntários são tão bons e prazerosos que jamais queremos nos livrar deles. Isso acontece, também, com todas aquelas filosofias mais internas de nosso modo de viver. Como descrever esse comportamento? A resposta é um tanto delicada e merece uma análise mais profunda. Em meio a tantas verdades verdadeiras, como saber se estamos livres ou aprisionando-os? Nos aprisionamos, quando paramos de nos reavaliar. Quando deixamos de revisitar nosso interior e refletir acerca de nossas práticas no mundo. Nossas vidas são tão agitadas, como “parar” para fazer isso? E desse jeito, para você, talvez mentir não seja nada demais. Quem sabe, ter uma vida dual não seja nada demais, e sim um alívio! Talvez, por quê servir a um Deus se eu posso ser o deus? Consegue compreender as proporções que essas verdades, ditas imutáveis, podem causar?

Cristo compreendia muito bem essa limitação. Muitas pessoas, inclusive cristãos, apreendem erroneamente a real intenção de ler as Escrituras, efetuar orações e até mesmo ir às igrejas. Todas essas práticas visam estimular a transformação de nossas estruturas espirituais mais internas. Assim como qualquer livro, a bíblia não se propõe a trazer uma receita de bolo que você deve “engolir”. Deus não deseja isso. Ela serve como instrumento para [re]construção de nossas práticas frente ao mundo. Os ensinos de Deus visam abalar nossas estruturas, trazendo conclusões que nossas mentes, limitadas e aprisionadas, jamais teriam de uma dada situação – se essas conclusões foram feitas pelo Legislador do Universo, aquele no qual Conhece plenamente às estruturas humanas, as suas verdades ainda são tão verdadeiras e libertadoras?

Matheus Phelipe
Enviado por Matheus Phelipe em 29/10/2019
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