Errar é desumano

O sucesso dos coachs é um efeito colateral da inabilidade do cidadão médio em lidar com a derrota e com a louça acumulada depois de passar um final de semana enjaulado num evento disruptivo de pretensões troianas.

O erro é uma consequência natural do processo de busca pelo acerto. A dialética do pensar positivo, como uma resultante instantânea de causa e efeito, esbarra nas catracas da realidade, cujo acesso não oferece passe livre a quem apenas pensa positivo ou decora palestras TEDX.

Lidar com o erro não supõe que convivamos numa relação matrimonial com o mesmo, contudo há de se aceitar a sua inevitável aparição e convidá-lo para um café, contanto que seja descafeinado.

A era coach injeta doses de morfina intelectual na ansiosa coletividade que busca ser absoluta em cada passo dado a caminho do olimpo (ou de tirar selfies em Nova York). A vida instagramável é um belo cenário do qual coachs se utilizam para apontá-la como o norte do sucesso. A ambição está nua no banco traseiro roendo as unhas do sucesso.

Influenciadores digitais criam novas necessidades de consumo, coachs incentivam os influenciadores a criarem novas necessidades de consumo, os influenciados são incentivados pelos coachs a serem como os influenciadores, a consumirem como os influenciadores, a influenciarem os influenciadores.

O jogo de azar exposto nas estantes digitais vende o sucesso que não admite o erro, a menos que errar se torne uma nova moda comportamental lançada por influenciadores errantes.