Cheiro de infância

Oh! Aquela pequena que dizia, "mãe" eu posso ir pra rua brincar?

_ Vá lá, mas quando eu gritar, entra para tomar banho!

Quão prazer eu via no assobio do vento, na procura das três Marias no céu, e no banho de chuva.

Tempo bom, quando a felicidade agradava meus olhos e não o ego.

Hoje não preciso pedir a ninguém, permissão para sair. A paisagem mudou a cor, mas continua lá.

Há menos verde e mais cimento, mas na noite, as três Marias continuam a brilhar. Só que eu, nem me lembro quando foi a última vez que as procurei.

Ainda ouço o barulho do vento, mas ao invés de senti-lo no rosto, eu corro fechar as janelas. As vezes peço chuva, mas é automático a mania de abrir o guarda-chuva.

Pedi tanto para crescer, mas confesso que muitas vezes não sei aproveitar o meu tempo. Quem antes saia todo dia, hoje fica uma semana sem ver a rua.

O tempo pede coragem, deixa marcas no rosto e saudades na alma.

Mas não é o tempo que nos tira a liberdade.

Que saibamos nos libertar, das nossas próprias prisões.

Que o brilho dos olhos, se atraía pelo simples. Porque é alí, que está a maior riqueza do nosso tempo.

Autora #Andrea_Domingues ©