IRRITANTE

E lá se foi à merda minha depressao aborígene. Foi-se porque não me aturou a pobre. Nefasta menina! Bem que ela tentou manter-se ao meu lado, arrogante, birrenta, aguerrida, pegajosa, mas não conseguiu, não. Paguei hora extra, dei folga, 13º, gratificação por produtividade acima do limite e ainda institui um sistema de participação nos resultados. Não foi suficiente! Intuí que a charada seria a periculosidade da permanência ao lado de matéria radioativa, fora a alucinação sintomática. Paguei insalubridade! Nem assim.

Ando tão de difícil convívio que nem a recorrente depressão que me combóia desde menino consegue estacionar por aqui no tempo devido, tal qual outono em mês de maio. Talvez seja por causa do destempero climático-mental proveniente do aquecimento exagerado de componente cerebral, ou da absurda prisão de ventre que se reflete espontaneamente nos pensamentos que estão mais abstratos do que nunca.

Estou irritante, de um pensar irritante, de um devanear pra lá de irritante e de um sentir inteiramente desprovido de matéria aceitável, ou seja, azucrinante. Depressão é feita pra irritar, não pra ser irritada. E eu consigo sabeselácomo, mas consigo, num prodígio digno de pensadores que estabelecem idéias ortodoxamente caricatas somente pra provarem que pensam. Inda assim consigo atrair manifestações no meu pensar que são dignas de Álvaro de Campos: decadente, modernista e negativista.

Claro, porque Jerico tem que se preocupar com algo além do pastar, que é incipiente e instintivo. Alguma coisa tem que ocupar esse vazio, e sem discussão. Abdica então a depressão de seu posto e elejo a solidão para o grão-mestrado de nossa rocinha hermética.

Que bom que a solidão voltou, já me preocupava om a ausência teimosa desta. A solitude me é necessária. Ela basta!