Peso-morto

Eu sei que sou um peso-morto que não se esforça para viver

Minha boca cheira a cigarro, conhaque e ofensas

Quando amo demais, sinto ódio

Quando não amo, sinto o sangue escorrendo pelas minhas gengivas

O paraíso é uma tormenta para quem não se encaixa em nada de bom

Meus pais não me quiseram

E eu odeio meu pai por ter me feito o espermatozóide vencedor

Os vasos dos banheiros públicos são mais limpos que os colos que já sentei

Coisas que eu faria se tivesse dinheiro? Alugaria um quarto de motel por uma noite e lá me mataria ouvindo esses idiotas gemerem

Porque o sexo complica tudo

Porque o sexo faz nascer vidas que não pediram para serem feitas

Porque eu odeio essa vida

E quero renunciar o meu cargo de ser humano e quero me transformar na chuva que cai sob os caixões.

Thina Freitas
Enviado por Thina Freitas em 05/01/2020
Código do texto: T6835048
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