O mundo do meu ego

Em plena noite, no meneio do ônibus olho para o céu e nas nuvens que aparecem à luz da lua cheia, vejo o rosto de uma bruxa, o sorriso de um palhaço, uma raquete de tênis, o cotovelo de um braço.

Parece que as árvores me sondam. Cada matiz de suas verdes cores reflete uma face minha. Alguma que até desconheço, por ser recente; outra que não reconheço, por ser diferente. E de pensamento em pensamento, de lembrança em lembrança construo um mundo e neste mundo inventado por mim só eu habito e as outras pessoas que dele fazem parte, flutuam como navios sem capitães, nem marujos. Somente eu os conduzo, alguns têm rumos certos, outros apenas navegam, Deus sabe pra onde.

Nesta minha egoísta construção faço tudo o que quero e o que bem entendo e também o que não sei. Somente assim, construindo o meu universo, é que consigo me enxergar e me aproximar de uma definição provisória de quem eu sou e do que eu quero, ao menos até que eu reflita sobre mim e o meu mundo novamente.