Retrato de um coração solitário
 
Curitiba, 21 de abril de 2016.

     Intrinsecamente há o intento de negar a destruição e seguir alardeando uma falsa dignidade, hipócrita como todos os sorrisos, imitando as demais pessoas que para manterem as aparências que tanto prezam são capazes de fingirem preocupação e dizerem que amam.
     Da palavra dita à contestação vale tudo, até a ilusão. O prazo expira e esse fato não é mais da minha conta. Toda mentira também tem o seu fim. Não amava tanto assim, nunca amou nem a metade, nunca amou por um terço, nunca foi amigo, nunca se importou, nunca quis ficar, nunca nada foi por mim.
     As cores ao longo do tempo foram se perdendo, as perspectivas se encolhendo, os sonhos um a um se esmigalhando, o sentido se limitando a uma ideia abstrata de que depois da tempestade o céu se abre de novo. Fui me alimentando dessas falácias para ver o sol voltar, sonhando que um dia alguém se lembraria de mim, que meu dom seria a minha asa para conhecer mais do mundo, no entanto dele o que sei, me basta para odiá-lo.
     Nesse entremeio indefinido, vivo de sonhos mortos.
Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 29/01/2020
Reeditado em 08/04/2020
Código do texto: T6853769
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