Invocação aos confins da existência

Acode minh'alma, acode um lobo uivando pela noite solitária

Radiante donzela da noite, estende tuas mãos e eleva minha consciência

Inalo vento frio e flagelador e exalo temperança do meu ardor interior

Em passos estreitos e relutantes trilho milhas e milhas sanguinolentas

O pesar foi derrubado de meus ombros, porem, a dor invade minh'alma

Agracia-me com teu toque, sopra-me com teu halito de mil primaveras

Reveste-me em teu manto sagrado e tira-me da noite solitária

Suplico do profundo de meu ventre, ouve minhas preces

Acordado não vejo mais os dias, dormindo não sinto mais a noite

O real perde-se no ilusório e o ilusório tende a me enganar como o real

Solto na imensidão dos dias e espremido nas correntes do tempo

Potencias da existência nota minha insignificante presença

Oh, potencias e potestades, sublime força do universo

Como um cão imundo e faminto reverencio e lambo teus pés

Imploro não para que supra minhas necessidades passageiras

Mas para que dê um fim nas incertezas constantes do meu coração

Assim andarei sobre brasas e não mais me queimarei

Caminharei sobre as águas sem medo de me afogar

Andarei pelo vale da sombra da morte e mal algum me alcançará

Sentirei todas as dores e continuarei a trilhar sem fraquejar