Algum sentido?

Eu sinto tanta falta de 2012. Estava terminando o ensino médio, tinha tantos sonhos e a vida me parecia repleta de cores.

Tenho tantas memórias a respeito desse ano. Teve o dia em que emprestei um Playstation um pra um menino da fazenda e ele me emprestou seu super Nintendo, me lembro de ter descido a rua de casa correndo, quando cheguei não havia ninguém e fiquei por horas jogando super soccer 98. Hoje entendo que aquele foi um momento de felicidade genuína.

Lembro dos boatos de que o ano iria acabar. Um garoto de dezessete anos que estava começando a ficar muito puto com a ideia de que o mundo iria acabar quando a vida dele estava começando. Em 2012 eu estava apaixonado, completamente apaixonado. Eu completando dezessete e ela vinte e um anos.

Uma garota linda com cabelos escuros e longos, trabalhava em uma empresa e durante a semana usava roupas sociais. Aos finais de semana nos reuníamos com os amigos para jogar uno, banco imobiliário, stop, era quando eu via ela usando seus vestidos floridos de alça. Tudo nela era único, menos os vestidos floridos, muita gente usava eles, mas nela ele se tornava único. Única desde seu nome, Nathanna. Talvez não seja um nome único, provavelmente, mas foi a única Nathanna Sabino que conheci.

Tantas lembranças... Nosso primeiro beijo foi em um evento de anime. Ela estava de cosplay da Hinata e eu apenas um idiota com a roupa da Akatsuki. Eu era feliz pra caralho e nem sabia. Céus, o que eu não daria pra voltar no tempo onde eu vestia um manto escuro de nuvens vermelhas e com uma máscara laranja no rosto eu a fazia se molhar de rir. E o que eu não daria para ouvir o som daquela risada uma vez mais?

Bom, foi um ano maneiro. Mas o mundo de fato acabou para Guilherme e Nathanna. Me lembro daquele vinte e um de dezembro como se fosse ontem. Ela me dizendo que havia recebido uma proposta de trabalho irrecusável, que iria pro Japão, mas que não queria que a gente desistisse da gente, ainda sim ela foi. Por que você não foi também Guilherme? Por que você ficou ouvindo Snuff e acumulando tantas inseguranças, por que Guilherme? Por que você não foi Guilherme? Você a amava, sei que amava. Por que não foi?! Você tinha condições, vocês adoravam a cultura do Japão, por que, por que você não foi?!

Não foi porque você é Guilherme. E Guilherme é covarde. Porque Guilherme corre na direção contrária da luz. Você nunca acreditou que era digno não é? Você nunca acredita nos elogios que recebe, mas abraça às críticas como uma verdade absoluta. Guilherme ama o pessimismo. Guilherme odeia se sentir sozinho, mas ama ficar sozinho. Todo ano é a mesma coisa Guilherme, você não consegue deixar o doze de fevereiro passar despercebido. Não consegue deixar de pensar que hoje é o dia que outro cara está comemorando mais um ano de vida de Nathanna.

Queria que isso fizesse algum sentido pra você que está lendo. Mas acredito que não fará. Só mais um camarada sofrendo com lembranças do passado. Mais um camarada que se pergunta como estaria se tivesse feito a outra escolha. Mais um camarada insatisfeito com o que se tornou.

Devon Magnus
Enviado por Devon Magnus em 12/02/2020
Reeditado em 12/02/2020
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