Anotações sobre o corpo

O corpo é uma situação muito fascinante. Ele funciona completamente, todas suas partes, juntas e por muito tempo.

O corpo é tão inimaginável que mesmo nós, que somos o corpo, somos incapazes de sentir e perceber a grande maior parte do corpo.

É claro, nós abrimos outros corpos, estudamos, criamos livros e temos mais ou menos uma percepção abstrata e teórica do que é o corpo.

Mas nós não estudamos todos os estômagos pensando no nosso próprio estômago, nem examinamos um pulmão pensando no nosso pulmão.

E mesmo assim, não é possível conhecer tudo, cada pequeno lugar interior de si.

O cérebro é um pedaço do corpo, como costumamos entender o corpo, por pedaços.

O cérebro é um pedaço importante e essencial. E o engraçado é que as vezes o cérebro decide ou pensa que há algo errado no corpo, que há problemas, mesmo que o corpo funcione. E, junto com o cérebro, outros corpos com outros cérebros são capazes de mudar o funcionamento do corpo. As cirurgias são algo muito comum, e existem desde sempre. Mesmo os incas já faziam cirurgias no cérebro, e eles tinham uma taxa de sucesso muito maior do que a de fracasso (temos muitos preconceitos com o passado).

Existem cirurgias necessárias e desnecessárias.

As necessárias normalmente são as que o cérebro não decidiu, e as desnecessárias são idéias do cérebro. Digo idéias por falta de palavra melhor.

Para mim parece muito curioso que exista uma parte do corpo que pode trabalhar contra o corpo.

Isso também me lembra que os gregos um dia se perguntaram qual é a essência do corpo, onde reside a vida. E por algumas experiências, eles começaram a acreditar que era no sangue.

Eles devem ter pensado: se você corta uma perna, o corpo ainda funciona. Se você corta um braço, também. Mas se o sangue se esvai (e muitos morriam de hemorragia durante as guerras)

então o corpo morre. Logo, a vida é o sangue.

Mas os contemporâneos tem algumas outras idéias. Eles pensam a vida está em vários pedaços e depende também de como funciona o corpo como um todo. Os contemporâneos entendem que os corpos são muito semelhantes, mas também são diferentes em algumas coisas. Mas, ainda sim, existem alguns pedaços que são essenciais. O sangue pode sair até um ponto, e depois desse ponto o corpo morre, isso é verdade. O cérebro, que é a parte que pode se opor ao corpo, também é entendido como essencial. E o núcleo, (o que inclui os pulmões e o coração), ainda que o núcleo seja o lugar mais ambíguo de todos, porque alguns núcleos suportam muitas coisas e outros não. Não existe ainda uma explicação clara sobre essa questão, mas eu sempre lembro da história que ouvi no ensino médio, de que o 50Cent já levou vários tiros e não morreu. Essa história sempre me faz pensar nos gregos antigos, e em todas essas perguntas.

David Ceccon
Enviado por David Ceccon em 20/02/2020
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