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Eu não sei o que aconteceu, tampouco em qual momento que me perdi. Eu não sei por que ou como vim parar aqui. Não tenho intenção de rimar, nem de fazer um texto bonito, nem de comover ou de obter comentários. Na verdade - eu não quero comentários e tampouco que alguém leia essa droga. Não existe um roteiro, não estou empenhado em gramática, não existe um porquê. Eu me afoguei num oceano de niilismo e me iludi achando que jogar a poeira para debaixo do tapete seria uma solução produtiva ou útil. A grande verdade (se é que existe alguma) é que eu fui um merda por grande parte do tempo na minha vida. Talvez oitenta por cento de minhas decisões tenham sido decisões imbecis e baseadas em aprovação de outra pessoa. Coisas boas cairam na minha mão e por não saber lidar, como um bom imbecil joguei tudo no lixo. Eu estou sendo um imbecil escrevendo, agora. Essas letras são meros arquétipos e não conseguem transmitir o meu senso de imbecilidade, fraqueza, raiva abafada e sei lá o que mais. Eu não sei. Minha mente está abarrotada de informações e eu não sinto prazer com merda nenhuma que não seja jogar a poeira para debaixo do tapete. Amanhã começo, amanhã faço, amanhã digo te amo. Amanhã. Amanhã; hoje me sinto cansado. Isso é tão cíclico que parece se repetir a dez anos. Amanhã é a solução, hoje eu jogo a poeira pra debaixo do tapete - me entupo com alguma droga antidepressiva ou com alcool para destruir o fígado. E assim segue o ciclo da vida, onde eu continuo estagnado - com uma mente pesando uma tonelada e com certas perspectivas. É, por incrivel que pareça eu tenho perspectivas e grandes ambições. Aprendi que não posso depender de motivação para fazer o que é certo, tenho que fazer o que é certo e ponto. Mas e daí? Biologicamente falando são baixos níveis de hormônios, filosoficamente falando é o niilismo passivo e espiritualmente falando é o inferno. A ultima alternativa condiz mais com o estado que me identifico (ou não me identifico mas estou) inferno. Eu acabei de ter um djavú, será que isso já aconteceu? será que o amor é algo tão profundo que pode transcender o espaço tempo e esse djavú foi uma forma do meu eu no futuro dizer pro meu eu do agora alguma coisa? eu não sei. Eu não sei de nada, mas ao mesmo tempo acho que sei muito. Alguns dizem que tudo co-existe ao mesmo tempo, outros dizem que tudo é uma ilusão. Já pra mim, o que existe é esse ciclo que não consigo escapar. Acho que meu eu do futuro deve estar rindo dessa imbecilidade agora, enquanto brinda com os filhos e comenta sobre um certo djavú. A grande questão aqui é que não existe questão. O grande porém aqui é que não existe porém. A grande verdade é que não existe verdade. O que eu quero eu não quero. Mas espero. Tenho um norte.

Atenciosamente, pra ninguém.

Ou meu eu do futuro.

DuarteEdu
Enviado por DuarteEdu em 27/02/2020
Código do texto: T6875420
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