Tic-tac, o vírus somos nós

Tic-tac, hoje não é dia de fazer música.

Tic-tac, hoje o relógio parou, mas de uma forma cautelosa, continua girando.

O planeta em um suspiro desesperado porém muito sábio fez com que nos aquietássemos. O universo consequentemente fere aqueles que os desrespeitam... e quão difícil é viver sem que desrespeitemos as leis da natureza, pois fomos ensinados a sermos medíocres em nossos hábitos e a pensar o menos possível com nosso coração.

Tic-tac, hoje não é dia de labuta para os privilegiados e até mesmo para os artistas. Por incrível que pareça, o mundo pede pra que nos mantenhamos em silêncio em nossas bolhas para que nos recuperemos. É uma pena que o isolamento seja apenas uma consequência de nosso egoísmo perante a entidade Planeta Terra. E a nossa recuperação ainda assim continua no egoísmo. Paramos nosso "trabalho escravo" para que o ser humano não morra em massa e depois tenhamos espaço para voltar a destruir o planeta terra novamente, e dar espaço para que o ilusório sistema nos coloque em trabalho bruto novamente.

A consciência não despertará tão cedo e não serei infantil a ponto de criar falsas esperanças em um corrompimento de um sistema que por si só já é corrompido.

A babilônia cai por alguns meses para que depois volte a crescer e continue no seu ritmo de sempre. A babilônia cai apenas para que não matemos tudo a nossa volta, inclusive nossa humanidade.

Somos escravos de nós mesmos, e talvez o único benefício para nós em tudo isso seja que teremos que estar de frente com nós mesmos por um certo período de tempo.

Não haverá bares para que afoguemos nosso ódio por nós mesmos, restaurantes para que possamos consumir alimento excessivo enquanto metade do mundo não tem pão suficiente para se manter vivo e em pé.

Não haverá encontros com os supostos amigos para que fujamos da possibilidade de afeto com nossa própria mente. Não haverá nossa rotina de trabalho para que tenhamos a imensa falsa de esperança que é o que manterá nosso corpo seguro pisando nesse chão de concreto.

Por alguns meses, caminharemos por um mundo obscuro entupido de nossas próprias sombras, e à força teremos que ser criativos para não perdermos nossa sanidade.

O medo tira nossa liberdade, e não haverá crescimento onde existe descontrole.

O que está acontecendo não é caótico, é simplesmente o Cosmos sendo o Cosmos.

O maior vírus desse mundo somos nós, humanos.

Gabi Batoni
Enviado por Gabi Batoni em 23/03/2020
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