Sonhei com ela.

Quando a pandemia atingiu a minha cidade e todos foram confinados a suas casas, eu deitei no chão da sala com os braços abertos e o coração acelerado. A ficha caiu e eu pude perceber a situação que me encontrava. Falei baixinho que te amava e nas repetidas vezes, acabei adormecendo. Sonhei que o vírus não existia e que nada nos impediria de ficarmos juntos. Na caminhada ao pôr do sol, seus dedos tocaram a minha mão. Me assustei, mas logo percebi que era você, o susto se tornou numa sensação de tranquilidade e paz. Era incrível a segurança que seu toque me passava. Lembro-me da gente sentado à beira do lago, eu estava no seu colo, olhando seus olhos grandes e negros. Trocamos algumas carícias e beijos. Juro que aconteceu do jeito que sempre sonhei. De repente o cenário mudou, estávamos em uma festa. Eu estava bem vestido. Ela dançava na minha frente, os braços para o alto e o cabelo solto. Usava um vestido que deixaria qualquer homem maluco. Se aproximou de mim, coloquei o seu cabelo atrás da orelha. Ela me beijou, virou-se e saiu. Me deixou sozinho na festa, lembro-me de procurar por ela o resto do sonho mas não a encontrei. Era bom demais pra ser verdade. Quando acordei, já era manhã. Olhei o horário no celular (09:22). Como foi ruim perceber que tudo tinha sido um sonho, nada tinha sido real. Mesmo assim, amei a ilusão que vivera em tão pouco tempo. Fiquei deitado ali tentando retornar ao sonho por uma hora, mas não consegui voltar. Passei o resto daquele dia sonhando acordado lembrando do nosso sonho.