Complexidade da existência

A vida muda muito

O que eu era ontem, hoje é tudo que não sou

Mas quando é assim, recente, desce redondo

O que eu fui antes de ontem, dói mais

Quais qualidades ficaram?

E quais se foram?

Quem permanece?

E quem não lembra mais do que passou?

Viver do presente é a melhor escolha

Se prender ao passado?

Não, isso nunca!

Mas nostalgia pode ser alimento do coração

E recado pra mente

É ver o que passou

E gostar

Do que vivi e do que já fui

Mas é sentir a dor da mudança

Algumas mudanças são difíceis e doloridas

Em outras a dor chega com calma

Sem pressa...

Tem vezes que a dor tarda

Mudança

Às vezes tanta...

Não da pra voltar a ser o que já fui

Logo, não tenho como viver o que já vivi

Posso retornar ao momento

Porque diferente dele, a memória é viva,

Presente,

Constante,

Intacta.

Mas dizer que não dói?

Mentira.

É mentira que não dói

Saber que aquela relação nunca mais será a mesma

Porque tudo mudou

Bilateralmente

Mentira que não dói

Saber o que parou de existir

Saber que há momentos que se foram

E nem percebi que não iam mais voltar

Qual é o tempo das coisas?

A última vez que eu brinquei na rua

Não sabia que seria a última vez

Mas a transformação é necessária e isso é fato

E a vida não espera o nosso tempo

Tudo continua, como sempre continou

Só uma coisa nunca para: a saudade

Ela sim, ela esteve, está e estará

E a dor

A dor também fica

Às vezes escondida no último pensamento do dia

Também há algo mais que fica: a vontade.

A vontade de mudar mais

E viver mais

E ser mais

E ter mais

Momentos, pessoas e coisas.

E querer...

Querer mais

Prazeres

E saudades...e dores

Porque a vida é isso

E quem gosta de viver

Gosta de toda complexidade que é existir

E quem gosta de viver

Ressignifica a existência

Victória Benício
Enviado por Victória Benício em 26/03/2020
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