Matar em "legítima defesa"

"Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão" (Provérbios 17:17)

Famílias desgarradas e redes sociais lotadas.

É muito comum ouvir que este ou aquele é seu "irmão", sem nenhum laço de consanguinidade.

Às vezes me pergunto se há inversão de valores ou apenas resultado de casais inconsequentes ao formar famílias sem planejamento.

Enquanto a ciência aboliu a Teoria da Geração Espontânea, o Homo Sapiens ainda acredita que pode gerar sem cuidar.

E o cuidado começa nas emoções individuais e coletivas.

As amizades que formam irmandades se tornam remédio pra essas dores, suprindo a necessidade de serem aceitos, valorizados ou minimamente escutados.

O irmão nasce nas fontes de conselhos, alegrias, apoio emocional diante das crises, compartilhamento de idelas...

Há também os "amigos de copo" ou do "riso fácil". Nascem apenas em fontes de alegrias e prazeres.

Uma família que apenas faz cobranças, pela necessidade de ver no outro o que não foi capaz de realizar, torna-se inimiga inconsciente, formando um ciclo de incoerências.

Não acredito que haja melhor forma de ensinar que se distancie do que Paulo Freire chama de "corporeificação das palavias pelo exemplo".

Famílias que matam enquanto vivos e se distanciam em convivência. Moram na mesma casa, não se veem, nem se conhecem, nem dialogam...

Sepultam na cova da antipatia, do desrespeito e do desamor...

Preferem o distanciamento por não ver no outro a realização dos seus desejos. Egoísmo homicida!

Morrer é não ter nunca mais...

Quantos você já matou em sua concepção de "legítima defesa"?